sábado, 13 de agosto de 2016

A alquimia da análise: A química na vida!

A alquimia é uma metáfora e tanto para aquilo que nos ocorre na nossa interioridade, disse Jung! Foi fator de suma importância em sua obra, já que percebeu nas gravuras alquímicas uma metáfora para os processos interiores no qual trabalhava com seus pacientes na clínica psicológica, então vamos nos ater as misturas químicas, o que elas seriam na vida psíquica das pessoas. Vamos usar da metáfora (al)química para tentar explicar o como ocorre as transformações interiores, tão desejadas (ou não) por aqueles que buscam por mudanças na vida e alívio do seu sofrimento psíquico.
As transformações e misturas ocorrem o tempo todo. São representativas do padrão mental predominante de uma pessoa. Digamos que cada um tem alguns padrões de misturas químicas que dão o tom de sua vida. Sem a interferência consciente, sem intencionalidade, elas ocorrem, mas as vezes, esses padrões geram repetições que podem vir a ser incomodas para o sujeito, o que pede algum tipo de intervenção, como por exemplo, a de um psicólogo. Sem essa intervenção poderemos viver num terrível automatismo auto sabotador.
Na clínica ao perceber-se um padrão químico que entende-se como danoso, o primeiro passo do psicólogo é identificar essa mistura de substâncias que vem sustentando o processo, já que a consciência de que algo ocorre dentro de si é fundamental para que se comece o processo e possamos assim experimentar, adquirir experiência dessas “substâncias”. A pergunta a ser feita é qual a mistura está sendo encenada por trás dessa queixa? O que essa dor quer nos dizer?
Gerando consciência do processo interior que ocorre, o próximo passo da dupla analista-analisando é interferir nesse processo, adicionar novas substâncias, aquecer, resfriar, ou seja vivenciar novas possibilidades para que haja transformação psíquica. A alquimia psíquica. O que queremos focar aqui é a necessidade de experienciar a vida através das nuances dessas substâncias, abrir o leque de possibilidades.
Nessa altura podemos perceber que a palavra experiência tem sido bastante evocada. O fato se advém de justamente encararmos, através deste escopo, a psique de maneira análoga a um conjunto de substâncias químicas que reagem ao contato com outras substâncias, ao movimento. Ou seja, o processo analítico é uma via experimental da vida, o analisando é desafiado a experimentar sua própria vida de outras perspectivas, e o mais curioso é perceber que essas possibilidades sempre estiveram ali, mas a inconsciência desses processos interiores, ou seja, por não saber bem o que se passa ou ainda mesmo que se passa dentro de si, o sujeito tende a não viver esses aspectos de sua vida, não ganhando consciência e sofrendo de maneira vã. É um trabalho, simplificando, de alargamento de consciência através de uma experimentação gradativamente mais plena da vida e de si mesmo!
Como podemos perceber as transformações químicas/psíquicas não ocorrem espontaneamente, elas precisam ser incentivadas! O trabalho vem a ser facilitado se feito em dupla! Por isso muitas das vezes procuramos a ajuda psicológica, para que novas transformações ocorram. Há de ocorrer o incentivo a relação a auto-experimentação. Vemos que é um trabalho que requer intencionalidade, e por isso Jung apropriadamente utilizou o termo Opus contra naturam, já que as substâncias estão na natureza, a obra contra nossa inércia natural.
O objetivo disso tudo é que a pessoa se experimente na vida! A si mesmo e essas substâncias, então estranhas, esses processos interiores que ocorrem em seu seio. Jung diz: Só aquilo que somos tem o poder de nos curar, e também diz, no tocante ao objetivo de seu método, que: É proporcionar um estado de fluidez interior e que o paciente venha a realizar experiências consigo mesmo! Ou seja, o objetivo é esse que a pessoa se perceba desta forma, como parte deste processo que ocorre em si e possa interferir nele, compreendendo, indagando, se estranhando se percebendo, EXPERIMENTANDO! Para que assim venha ocasionar a mudança, a cura, o começo do trabalho! Podemos dizer então que a psicoterapia junguiana perpassa a vida, ousa incentivar o paciente a experimentar, nuances e novas misturas e sofrer transformações.

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